Falar da transposição do Rio São Francisco é um assunto delicado, de um lado os ribeirinhos e os defensores ferrenhos do rio fazem de tudo para embargar essa obra, protestos passeatas e até greve de fome como foi o caso do Bispo dom Luiz Carpio, alegam que o rio está assoreado que está morrendo, reconheço que tenham suas razões de reclamar o rio enfrenta grandes problemas sim, vitima da ação desenfreada da ganância humana que ao longo do seu trajeto foram devastando as nascentes e as matas ciliares causando a morte de vários e importantes afluentes que o alimentavam e engrossava o seu leito, visando apenas o retorno financeiro, plantadores de soja e fazendeiros ocupam milhões de hectares destruindo a vegetação nativa para o plantio da soja e para abrir campos de pastagem para criação de gado.
Por outro lado a transposição alimenta a esperança e os sonhos de milhões de sertanejos que cansados de sofrerem com a seca aguardam com ansiedade a chegada dessa água que para essas pessoas seria uma dádiva Divina, porque vivem o drama da estiagem na pele e sofrem com suas barrigas vazias pela vastidão das caatingas ressequidas esperando que essas águas um dia venham umedecer essas terras tornando-as férteis para que delas possam tirar o sustento vital e ver toda essa região semi-árida transformada num pomar proporcionando fartura, mudando essa paisagem triste onde hoje o sol quente e a poeira assolam impiedosamente no futuro vejam o verde imperar nesses vales e baixadas e com ele a vida proliferar abundantemente dando um fim a miséria a fome e a sede e o sertanejo enfim ia viver feliz e com dignidade.
E assim eu olho pro rio e reconheço os problemas que ele enfrenta, mas por outro lado vejo o drama de milhares de seres humanos que vivem imersos na mais profunda miséria e vêem na transposição a única saída para seus problemas.
E fico a imaginar se os nossos políticos que estão atolados até os pescoços, envolvidos em falcatruas desviando verbas, assinando milhares de atos secretos que só beneficiam eles próprios, resolvessem mudar de opinião e investissem nessas causas de uma vez só resolveriam os dois problemas, cuidavam do rio para que voltasse a ser forte e perene como era antes, e fariam a tão sonhada transposição e ainda ganhariam o credito do povo que passariam a aplaudi-los de pé.
Enquanto essas idéias não se tornam realidades aconselho ao distinto leitor que leia e reflita sobre o poema abaixo.
O SONHO DA TRANSPOSIÇÃO…
Conheço a realidade
Vivida no meu sertão
Por isso a transposição
É uma necessidade
Praqueles que na verdade
Vivem nas margens do rio
Não conhecem o desafio
Do sertanejo de fato
Que o tempo seco e ingrato
Mata desola consome
Enfrentam a sede e a fome
Vivem a mais pobre miséria.
Minha gente e coisa é seria
E uma providencia cabe
Somente aquele que sabe
E passa esse penar
De fome e sede morrendo
E tanta água se perdendo
Indo direto pro mar?
Essa gente que protesta
Que faz greve e confusão
Contra a transposição
Que faz debate e contesta
A realidade é esta
Ao invés de fazer questão
Te embrenha nesse sertão
Vai ver a coisa de perto
E veja se não estou certo
E coberto de razão
Sai da beira desse rio
Onde a água é farta e tanta
Vai ver a mãe que acalanta
No braço o seu filhinho
Que de bom só tem o carinho
Que a mamãe lhe propicia
Mas a dor não alivia
Pois o mau que o desencanta
É a sede na garganta
E a barriga vazia
Essa água cristalina
Transparente e salutar
Que está no rio a sobrar
E que o mar elimina
Só ia mudar a sina
Desses tão secos lugares
E transformar em pomares
Onde hoje é só deserto
E o sertanejo por certo
Ia a Deus agradecer
Vendo o sertão florescer
E de verde todo coberto
Trazer trabalho e farturas
Pra essa gente tão sofrida
Ia melhorar a vida
De milhões de criaturas
Que do sertão se desterra
Voltava a viver na terra
Povoando a região
Cheios de felicidades
Desafogando as cidades
E acabando a migração
Três por cento dessa água
Não dá nem pra se notar
Nem no rio e nem no mar
Na foz aonde deságua
Mas ia acabar a magoa
As dores e sofrimentos
Ia causar bons momentos
E vida de qualidade
Trazendo felicidade
Aos sertanejos sedentos
Carlos Aires, 17/08/2009
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