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QUANDO VIVI NO SERTÃO...


Na lembrança está guardado
A memória não deleta
Por mais que seja discreta
Se encontra tudo gravado
Lembro papai no roçado
Plantando milho e feijão
E de mamãe no pilão
Pisando café torrado
São retratos do passado
Quando vivi no sertão

Nas manhãs ainda opacas
Papai já estava de pé
Fazia logo um café
Ia desleitar as vacas
Entre as fortes e as fracas
Fazia uma seleção
E melhorava a ração
Da vaca mais desnutrida
Era assim a minha vida
Quando vivi no sertão

A bezerrada correndo
No pátio da fazendola
Quando ia pra escola
Parece que estou vendo
A cachoeira gemendo
O relâmpago e o trovão
Alegrava o coração
E nos trazia esperança
Guardo tudo na lembrança
Quando vivi no sertão

E mamãe de manhãzinha
Levantava-se ligeiro
Corria pra o galinheiro
Soltava pinto e galinha
No terreiro da conzinha
Jogava milho no chão
Era aquela confusão
Galinha pra todo lado
Foi assim que fui criado
Quando vivi no sertão

Saía pra pegar palma
Na jumenta encangalhada
Levava cada espinhada
Que doía até na alma
Tinha que manter a calma
Pra segurar o facão
Quando cortava ração
E para o gado espalhava
Era assim que eu trabalhava
Quando vivi no sertão

Daquela vida campestre
Ainda sinto saudade
Quando há possibilidade
Vou visitar o agreste
Essa parte do nordeste
Mora no meu coração
E sinto satisfação
Ver o progresso chegando
Mas continuo lembrando
Quando vivi no sertão

CARLOS AIRES,07/09/2008


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domingo, 7 de setembro de 2008

2 Comments:

Anônimo said...

Quando vivi no sertão, para mim tudo isto era muito natural, hoje fico muito feliz quando alguem me fas reviver e relembrar o que estava guardado na minha memoria um abraço do mano e admirador Gildo Aires.

Anônimo said...

Quando vivi no sertão
Era assim minha rotina
Calçava a velha butina
E de enxada na mão
Saia limpando chão
Da manhã à tardezinha
Era assim minha vidinha
Quando vivi no sertão.

Sem modesta opinião
Confesso a qualquer leitor
Carlos Aires num é doutor
E nem tem graduação
Mas pra falar do Sertão
Escreve com alegria
Ele é Mestre em poesia
De alma e de coração.

Um abração.
Parabéns!


João Félix

 
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